quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

CPR 2010: Vitor Pascoal só em "part-time"?

A menos de dois meses do arranque do Campeonato de Portugal de Ralis, Vitor Pascoal está indeciso em relação ao programa que fará esta temporada, sendo apenas certo o carro a utilizar: o Peugeot 207 S2000.

"A escolha do Peugeot é óbvia, é o carro que possuo e tenho de o rentabilizar, mas apenas se conseguir apoios" referiu Pascoal. No entanto o projecto ainda não está definido nem garantido, encontrando-se "em conversações com os patrocinadores."

Neste momento há duas opções em cima da mesa: "ou aposto no CPR, tal como nas épocas anteriores, ou então faço um conjunto de provas seleccionadas do CPR e aposto em uma ou duas provas no estrangeiro."

A possibilidade de não disputar o campeonato todo, começa logo pela mudança de piso do Rali Torrié. Vitor Pascoal afirma que "não pensei que se fizesse uma alteração destas a menos de dois meses do início do campeonato, mas afinal confirmou-se mesmo!" Ou seja, uma chamada telefónica apenas para saber os planos de Pascoal para 2010, acaba numa longa conversa sobre a prova inaugural do campeonato.

Vitor Pascoal relembrou uma afirmação partida da FPAK, de que o desporto automóvel é para quem tem dinheiro, "não é mentira, isto é um desporto caro, é para quem tem dinheiro, sem duvida. Quem não tem não corre!", explicou. E apresenta o seu exemplo, "estou com dificuldades em arranjar patrocínios para a temporada, se não os conseguir arranjar, o mais certo é que não faça o campeonato todo e dispute apenas alguns ralis. Não posso exigir que o campeonato seja reduzido para metade só porque não tenho dinheiro para o fazer todo."

Para o piloto, este problema do desporto automóvel ser apenas para quem tem poder financeiro, tem duas faces, a dos pilotos e organizadores. Mas, aparentemente, a questão apenas se aplica "aos pilotos, quando os organizadores não tem possibilidades financeiras de realizar uma prova, altera-se o campeonato e os pilotos que paguem a factura. São sempre os mesmos a pagar a factura..." Pascoal relembra que "pilotos e equipas lutaram muito para que o campeonato tivesse duas partes, conseguiu-se isso e durante anos respeitou-se esse principio de organização, mas agora esquece-se essa divisão numa questão de semanas para resolver o problema de um organizador."

A discussão em torno desta questão tem gerado argumentos de todos os lados, mas o piloto de Amarante faz questão de acrescentar que "o argumento do número de quilómetros não convence, porque a esse número de quilómetros em terra não tem correspondência em pontos. Posso somar 55 pontos em asfalto e 40 pontos em terra, isto se garantir só vitórias." No entanto, fez questão de frisar que "a posição Targa Clube, sem asfalto não havia rali. Então para minorar esta desiquilibrio criado, que compromete a divisão que vigorou durante anos, havia a possibilidade de passar o rali para a fase de asfalto. Porque razão não fizeram isso? Se o rali é em asfalto, porque razão não foi colocado junto dos ralis de asfalto mantendo o esquema de divisão dos tipos de piso?"

Para concluir, o vice-campeão do CPR de 2009 explicou ainda o seu caso. "Eu tenho duas opções, ou compro agora evoluções, ou compro apenas no verão. Se comprar agora, corro o risco de ter o carro desactualizado quando vier a fase de asfalto, se comprar apenas no verão, corro o risco de ser batido pelos novos N4 já no Torrié, pois o meu carro tem apenas as evoluções de 2008. Isto só acontece, porque há uma prova fora do lugar, este rali deveria ser colocado na fase de asfalto. Mas o que também interessa salientar, é que isto não se resume a ser fácil mudar um carro de asfalto para terra, não é só mudar amortecedores em 1 hora, é mudar muito mais que isso, é mexer em muita coisa e é testar. Tudo isto custa dinheiro, custa e demora muito mais que mudar 4 amortecedores."

Vitor Pascoal rematou: "Se o organizador não tem dinheiro, não há problema, passa-se o custo para os pilotos e equipas! Mas pronto, se calhar nem vou ter dinheiro para correr, por isso provavelmente não terei direito de reclamar."


Texto:José António Marques

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